sábado, novembro 18, 2006

Afinal querem monarquia


Publico mais um artigo do Democracia Liberal.
Desta vez sobre a altura das eleições presidenciais.





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O Dr. Mário Soares quer ser presidente novamente. Não será isto uma tentativa de restaurar a monarquia?

Normalmente considera-se que a maior parte dos monárquicos são de direita. Talvez porque as pessoas deste quadrante político defendem a família como “instituição” fundamental e a monarquia tem como base uma família estável a servir o Estado. Eu discordo desta posição. Considero que existem monárquicos em todas as áreas políticas e mais do que isso, defendo que a divisão entre esquerda e direita deixou de fazer sentido. Contudo, não é disto que quero falar-vos. Serve só como introdução.

A dita esquerda tem mostrado que quer mais uma monarquia do que a dita direita. Se não, o que é esta candidatura do Dr. Mário Soares à Presidência da República? O P.S. demonstra que quer a continuidade, do que consideram um bom trabalho, e a estabilidade. Para os Socialistas, o Dr. Mário Soares fez um bom trabalho e por isso deve voltar a ser presidente.

Tenho a certeza que os apologistas desta candidatura vão usar a experiência e sabedoria de Mário Soares para convencerem o eleitorado. E daí vão colher bons frutos, pois na realidade é natural, sublinho natural, que os portugueses prefiram alguém com experiência na chefia de estado, do que alguém que nunca lá esteve. Sim, porque o cargo de presidente não é parecido com nenhum outro e, por isso mesmo, os outros candidatos perdem, pois por mais cargos que tenham exercido, nunca foram chefes de estado.

Ser o mais alto magistrado da nação não é brincadeira nenhuma. Os portugueses sabem-no e nas próximas eleições vão mostrá-lo. Sendo assim, estamos numa óptima altura para falar de monarquia.
Caso o Dr. Mário Soares ganhe fica mais que provado que a república não é de facto a melhor defensora da democracia e do trabalho bem feito. Sofre de um defeito. Exclui os que trabalham bem (claro que não considero que Soares trabalhou bem, mas muitos consideram que sim). A vitória deste candidato vem mostrar que afinal não é este o regime que pode servir melhor os portugueses. Escolher Soares significa optar pela continuidade e não pela ruptura.

Ter um rei é ter um chefe de estado que foi preparado desde que nasceu para ser monarca. Quando o seu pai morre e chega a hora de subir ao trono, o jovem rei sabe perfeitamente o que tem a fazer, pois durante longos anos acompanhou o pai em tudo e aprendeu o que é fundamental para chefiar uma nação.

Com monarquia não corremos o risco de ter alguém como chefe de estado que não sabe o que fazer quando for eleito.

Nas próximas eleições presidenciais pode vencer alguém que vai ter que se adaptar e aprender (muito). Enquanto o faz é o cargo de chefe de estado que perde dignidade. Contudo, se Mário Soares ganha, como já vem com uma enorme bagagem, vai saber o que tem a fazer, mas o cargo perde na mesma dignidade (desta vez por muitas outras razões que dizem respeito à própria personalidade do candidato).

Chego à conclusão que os conceitos estão todos trocados. Ninguém sabe o que é direita e esquerda, nem ninguém sabe o que é monarquia e república.

Diogo Tomás
Porta - Voz das Novas Gerações (cargo que ocupava na altura)