Referendo ao aborto em 2016

Em 1998 o Não ganhou, mas o referendo não foi vinculativo. Este domingo o Sim ganhou, mas o referendo voltou a não ser vinculativo.
Perante o resultado do primeiro acto eleitoral, o PS sempre teve como objectivo realizar outra consulta popular tendo em vista a liberalização do aborto. Conseguiu.
Apesar do resultado de dia 11 não ser juridicamente vinculativo, a Assembleia da República vai legislar no sentido de legalizar e apoiar o aborto. Para a classe política dominante não é necessário consultar novamente os portugueses.
Realmente, aos olhos de alguns, poderá não fazer muito sentido interpelar constantemente os portugueses sobre a mesma matéria (desgaste político e financeiro). Contudo, ou se considera que o povo português decide uma vez e ponto final no assunto, ou, caso o poder politico nos questione novamente, então deve consultar-nos regularmente.
É mais que provável que não seremos chamados às urnas para nos pronunciarmos, mais uma vez, sobre a interrupção voluntária da gravidez, se é que assim se pode chamar. Isto prova que o intuito do referendo não foi respeitar a vontade dos portugueses, mas sim a liberalização total da prática abortiva. Se assim não fosse, daqui a alguns anos teríamos outro referendo. Não faço futurologia, mas é claro que o cenário será este.
A esquerda, maioritariamente defensora do aborto, não descansou enquanto não tinha nas mãos o “poder” para legalizar o aborto.
Os portugueses, que votaram, disseram Sim. O resultado poderia ter sido outro. Perante esta hipótese podemos ter quase a certeza que daqui a poucos anos seríamos confrontados com um novo acto eleitoral. O Sim ganhou, os referendos acabaram.
A justificação para o referendo de dia 11 baseou-se na possibilidade do povo português ter mudado de ideias nestes nove anos. Se assim foi, é exigível democraticamente que daqui por uns tempos seja requerida uma nova consulta popular. Ainda para mais, quando dias após as eleições, já temos dados para afirmar que a opinião de muitos dos que votaram já se alterou. Sócrates anunciou que as consultas obrigatórias não serão instituídas.
Se bem me lembro, uma das principais bandeiras do Sim era a hipótese da mulher abortar, mas que o processo seria responsável e tentaria salvar a vida do filho. Parece que nada disto se concretizará. Os portugueses foram mais uma vez enganados.
Acredito que muitos dos que votaram Sim, não o voltariam a fazer hoje. As promessas não estão a ser cumpridas e as surpresas não ficarão por aqui.
Daqui a alguns meses, vamos começar a provar a nova realidade que começou no Domingo. Vai saber mal e a nossa vontade, incluo aqui os que votaram sim acreditando na responsabilidade, será a de inverter o processo que agora começou.
Eu exijo um referendo ao aborto em 2016!
Diogo Tomás
in Democracia Liberal